segunda-feira, fevereiro 14, 2011


Tartarugas marinhas são soltas na Praia de Cavaleiros em Macaé/RJ

PAM prestigiou a soltura de oitenta tartarugas marinhas na manhã de sábado do dia 12 de Fevereiro de 2011 na Praia de Cavaleiros. Esta ação foi realizada por biólogos do Projeto Tamar e teve como principal objetivo a conscientização pela conservação destes animais marinhos.

Mas afinal, como é a vida de uma tartaruga marinha? Como é sua reprodução? Como é determinado o nascimento de machos e fêmeas? Como os recém nascidos sobrevivem nos primeiros dias de vida? Essas e outras perguntas são respondidas no texto abaixo pela bióloga Betânia Ferreira, do Projeto Tamar – Praia do Forte – BA.

Depois de crescer e maturar sexualmente, os adultos migram de suas áreas de alimentação para uma área de reprodução, sendo esta a região onde nasceram.

A fêmea deposita os ovos em ninhos na praia, acima da linha de maré mais alta. Dependendo da espécie, colocam em média 120 ovos em um só ninho. Os ovos são incubados na areia por um período de 45 a 60 dias, sem nenhum tipo de cuidado parental.

Durante o segundo terço do período de incubação, a temperatura da areia determina o sexo do embrião: temperaturas mais altas (acima de 29 ºC) produzem mais fêmeas, temperaturas mais baixas (abaixo de 29 ºC) produzem mais machos.

Uma fêmea desova várias vezes em uma temporada, normalmente retornando à mesma praia. Algumas espécies desovam até 12 vezes em um mesmo período reprodutivo.

Os ovos eclodem e alguns dias depois, normalmente durante a noite devido à diminuição de temperatura, os filhotes surgem na superfície da areia. Eles saem do ninho, correm para o mar e nadam para o mar aberto.
Os filhotes recém-nascidos consomem suas reservas de vitelo durante os primeiros dias, isto possibilita que eles nadem continuamente. Durante o primeiro ano no oceano, eles se alimentam de pequenos animais e algas que são encontrados na superfície. Ao regressar às zonas costeiras, cada tartaruga desenvolve uma dieta especializada, típica da espécie. Para a maioria delas ocorre uma mudança dramática na alimentação quando se mudam para a zona costeira. A forma do bico é uma indicação do hábito alimentar de cada espécie, e cada uma delas é muito eficiente em explorar os alimentos que prefere.
Quando terminam a etapa da reprodução, os adultos retornam a suas áreas de alimentação. Nas migrações, os adultos atravessam grandes distâncias de 2.000 Km e, no caso da tartaruga de couro, pode ser de até 6.000 Km, transitando em alto-mar e por diversos paises. O deslocamento diário é de mais de 20 Km e em alguns casos de 90 Km por dia.

Após tantos milhares de anos habitando os oceanos, num curto período de dois ou três séculos, as tartarugas marinhas apresentaram sinais de que sua sobrevivência estava em jogo. No final dos anos 70 e início dos 80, o processo de extinção foi detectado também no Brasil, o que levou à criação do Projeto Tamar-Ibama.
Hoje, com mais de duas décadas, o Tamar vem fazendo o trabalho de proteção e conscientização em cerca de mil quilômetros de áreas prioritárias para as tartarugas marinhas. O Tamar já atingiu a marca de mais de cinco milhões de filhotes de tartarugas marinhas liberados ao mar em segurança. Resultado que revela não só o efetivo trabalho de monitoramento e proteção, mas também a conscientização das comunidades litorâneas e a mobilização da sociedade.

Créditos das fotos: Eliana e Paula
Edição de texto: Alex Alves
Fonte de pesquisa: http:// www.refugioambiental.com.br